Monday, March 20, 2006

O Português (Parte I)

Não sei o q é q nos distingue do resto do mundo (ou talvez saiba...), mas é um facto que reconhecer um português não é propriamente muito difícil.

Neste fim de semana saí com a malta do trabalho. Em Estrasburgo não existe uma zona que aglomere vários bares, tal como acontece em Lisboa com o Bairro Alto, Santos ou a 24 de Julho, daí ser frequente os franceses escolherem um bar no qual irão passar grande parte da noite. Também é verdade que Estrasburgo não é assim tão grande e em menos de 5mins a pé consegue-se ir de um bar até outro. E assim foi, por insistência minha, eu e os meus e colegas (1 espanhol e 1 australiano) passamos por uns 4 ou 5 bares na noite de 6ªfeira.

Um dos bares a que fomos, o "Le Mosquito", é um bar conhecido por ser especialmente frequentado por sul americanos. O bar estava especialmente cheio e foi preciso uma autêntica travessia (com algumas inadvertidas apalpadelas pelo meio) para atravessar toda a multidão e chegarmos à outra ponta do bar onde encontramos uma mesa. Apesar da vizinhança barulhenta argentina da mesa do lado (não paravam de cantar hits sul americanos...), passamos um bom bocado naquela mesa ao sabor da famosa Kronenbourg (a cerveja da região de Alsace). Quando era a minha vez de ir buscar mais uma rodada, junto ao balcão, reparei num rapaz. Estarão vocês a pensar "este rui é mesmo panasca...nunca nos enganou!". Desculpem, mas ainda não é desta que me revelo. A razão pela qual reparei no tipo foi porque ele parecia português.

Camisinha dentro das calças, sapatinho de vela e cabelinho à puto anormal (repararam na sequência de diminuitivos que usei?) era assim que o tipo se apresentava. Claramente e assumidamente era um dito "beto". Quando o ouvi falar, estava a falar num espanhol muito manhoso, o que aumentou ainda mais a minha suspeita. Enquanto tentava desvendar o mistério, começou a tocar uma música dos tribalistas, à qual ele reagiu gritando em inglês "ooooohhhh, this is portuguese!" e desatando a berrar a letra da canção. "Que anormal...", pensei eu, mas contente por ter confirmado a minha suspeita.

De volta à mesa, continuando ao som dos hits argentinos, contei o sucedido aos meus colegas. O australiano olhou para o tal tuga e disse "he's definitely portuguese. It's the hair!", Um capacete... não me ocorre melhor maneira de descrever o penteado do tal tuga! "You all have that kind of hair, even you!"... Senti-me chocado.. De repente a minha poupinha ridícula (e idiota) tinha sido cruamente comparada ao cabelo de um beto, ao mesmo tempo que se revelava como símbolo da identidade nacional!
Na Alcatel trabalha um outro português, cujo cabelo é mais normal que o meu, mas igualmente um típico risco ao lado português, nem muito curto nem muito comprido. Parece que o tempo dos bigodes já lá vai e penso que o cabelo dos portugueses começa a ditar uma nova expressão cultural além fronteiras.

Ao sair do bar, passei por ele e disse-lhe em tom solene "Viva o Benfica!" (expressão que resume toda a cultura portuguesa) ao qual ele me respondeu "Português? Espéctaculo, mas eu sou do Porto!"... cabrão, pensei eu... depois de uns cordeais minutos de conversa, mergulhei de novo na noite de Estrasburgo...

Sunday, March 12, 2006

A braguilha

Começo este post por anunciar que vou passar em Lisboa o fim de semana de 24 de Março!!! Para grande pena minha, não vou aparecer num BMW azul bebé de matricula francesa, a ouvir Emanuel e Toni Carreira (mas estou a trabalhar para isso!). Espero organizar uma jantarada na 6ª feira, por isso estão desde já convidados, mas entretanto dar-vos-ei mais detalhes.


Agora vou-vos contar como é que uma braguilha consegue ser tão incomoda e embaraçante em certos momentos.


Há dias, uma amiga francesa pediu-me para ir a casa dela resolver-lhe um problema no computador. Eu como até estava bem disposto, disse que sim e nem pedi nada pelo serviço!:) Nesse dia estava com umas calças de ganga com uma braguilha de botões! (Mas afinal porque é que existem braguilhas de botões?!?! O que é feito das antigas braguilhas de "fecho eclair" que tão práticas eram e que grande estilo davam quando um gajo, com um ar de cowboy, fechava o fecho a grande velocidade!)


Voltando à história... Encontrei-me com a tal amiga, fomos primeiro beber um café e de seguida fomos para a casa dela. Exactamente quando ela estava a abrir a porta do apartamento, reparei que tinha a braguilha aberta. Quando digo "braguilha aberta", não me refiro a um ou dois botões que foram esquecidos de ser abotoados, refiro-me aos 4 botões que constituem uma braguilha. Naquele momento pensei "isto está controlado, basta encontrar uma aberta e fecho a braguilha sem ela dar por isso". Longe estava eu de saber que esta solução não era tão fácil como parecia. Penso não haver estudos feitos sobre este tema, mas eu arriscaria que fechar uma braguilha inteira demora no mínimo uns 15 segundos e desafio qualquer um a quebrar este valor!!!!


Assim que entrei, sentei-me no sofá e discretamente olhei para a braguilha, que por estar toda aberta, criou um enorme buraco nas minhas calças. Felizmente o sofá tinha almofadas e discretamente coloquei uma almofada por cima das minhas calças. O tempo foi passando e mesmo quando havia a oportunidade de apertar pelo menos um botão, reparei que apertar uma braguilha sentado não dá muito jeito, a não ser que nos deitemos para criar um ângulo possível a abotoar os botões!!! Ao longo da noite, 2 almofadas diferentes, o gato dela e umas 3 ou 4 revistas rodaram o meu colo!!


Claro que havia soluções fáceis para resolver este meu problema. Podia sempre pedir para ir à casa de banho e resolver rapidamente o assunto. Mas esta solução, além de me obrigar a levantar e expor a minha braguilha, parecia-me uma solução com pouco estilo! Esta braguilha tinha que ser fechada com estilo e "à homem" e não de uma maneira cobarde dentro de um casa de banho.
Outra solução seria, brincar com a situação e falar da minha braguilha: "ah! tenho a braguilha aberta! sou mesmo distraído!", mas face a estas palavras ela podia pensar "olha-me este gajo... daqui a bocado vai-me dizer que está com comichão no escroto... que foleiro!"
Também poderia alegar questões culturais e dizer “Olha, estás a ver esta braguilha aberta? Em Portugal é moda andar assim. Quem anda de braguilha fechada é tótó e gozado por toda a gente. Também não queres abrir a tua braguilha?”


Perto do fim da noite tomei a decisão de não fechar a braguilha. Se durante as 2 horas passadas não a tinha fechado, não era por mais meia hora que a ia fechar! O resultado final foi ter continuado de braguilha aberta até me despedir dela. Ela provavelmente não ficou com grande impressão minha, porque além de me ter apanhado por 2 vezes a olhar para o top dela (estava só a ver se tinha alguma nódoa), deve ter pensado que eu era um tarado sexual por ter a braguilha toda aberta e nem sequer ter feito um esforço para a fechar.


A sociedade devia por os olhos na minha braguilha e banir os botões do mercado. Pensamos sempre que estas coisas só acontecem com os outros (“Ah pois, a minha braguilha anda sempre fechada! Os maricas e drogados é que se têm que preocupar com essas coisas!”), mas isto pode acontecer a qualquer um. A pergunta que vos faço é a seguinte... Quantos mais homens terão que ser prejudicados pela sua braguilha? Tu podes ser o próximo...

Monday, March 06, 2006

Finalmente....

Após mais de um mês de ausência, cá estou eu de volta com a promessa de uma maior (muito maior) regularidade na escrita dos meus posts. O post de hoje não vai ser muito divertido (houve algum que tenha sido?) pois vou-vos por a par da minha situação e de tudo (bom, tudo, tudo também não convém contar!!!) o que tem acontecido no último mês.

Trabalho.

Lá continuo a trabalhar na Alcatel. Felizmente ainda não descobriram a fraude que sou e lá me continuam a deixar entrar no edifício para me sentar numa mesa e fingir que sei mexer com computadores. Mais... há cerca de uma semana comunicaram-me que me iam renovar o contrato por mais 6 meses, o que significa que por cá continuarei (a clikar no rato com o ar de quem sabe o que se está a passar) até aos fins de Setembro.

Língua Francesa
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O meu francês progride à velocidade de um caracol numa corrida de 100m barreiras (será que os caracóis conseguem saltar uma barreira?!?!). Aos poucos vou arriscando falar francês (com uma pronuncia horrível), mas reparo que conheço mais palavras e que já faço menos ar de idiota quando as pessoas me tentam dizer alguma coisa em francês. O resto do meu léxico linguístico está cada vez pior por influência dos franceses. Por vezes noto uns sons "francius" quando falo português e o meu inglês pouco tem evoluído pois não tenho com quem o praticar a um nível um pouco mais exigente.

Apartamento.

Finalmente tenho um apartamento à maneira pronto a receber-vos a qualquer altura, 31 dias por mês, 7 dias por semana, 24h por dia, é só avisar (para dizer às miúdas que normalmente aqui estão, para se vestirem porque vou ter visitas).

Viagens.

Viajar e espalhar a minha idiotice por solo estrangeiro foram dois dos motivos que me levaram a aceitar este desafio de vir para Estrasburgo. Desde que cá estou, visitei a Suíça, um pouco da Alemanha (fica a 7kms de Estrasburgo) e Inglaterra, mais propriamente Londres.
À Suíça já fui por 2 vezes das quais tiro um saldo algo negativo: fui ver o Benfica perder com o Sporting à mítica casa do Benfica de Zurique e trago uma multa por excesso de velocidade na cidade de Zurique. Também estive em Basel, Berna e Geneve (acabei de verificar que apaguei parte das fotos da Suiça por engano... :S). Este fim de semana estive em Londres onde apanhei um tempo espectacular para visitar a cidade.

Amizades.

Apesar de os franceses desta região (Alsace) serem um pouco frios, já tenho alguns conhecimentos. Parte são colegas do meu trabalho e outra parte franceses simpáticos (afinal existem) aqui da zona.

Portugal.

Há 2 meses que estou fora de Portugal e as saudades começam a apertar. Se tudo correr como planeado, espero no fim de este mês ainda vos fazer uma visita!

Bom e assim foi... Este post foi mais descritivo e informativo do que o habitual, mas achei que alguns de vocês (1 ou 2) gostariam de saber como é que as coisas estão em geral por aqui. Para os idiotas que vêm a este blog à procura de paródia e basófia, aqui fica a promessa do relato de algumas idiotices já vividas nos próximos posts.



Até lá.